quinta-feira, 3 de setembro de 2009

cartas e contos.

"a verdade é que pra todo lugar que a gente olhava existia uma grande falta de sentido em tudo. acordávamos, fazíamos promessas de segunda-feira com ar de reveillon mas no fim do dia batia mesmo era uma puta depressão. não nos bastavam aquelas vitrines todas, aquelas conversas programadas ou os encontros amorosos tão previamente combinados, o que queríamos não tinha nome. é, podia ser falta do que fazer ou talvez fosse mesmo porque o mundo estivesse andando com pernas longas demais comparadas as nossas, mas a tristeza era um elefante rosa no meio da nossa sala. antes que pudéssemos perceber viramos pessoas apáticas, tanto fazia perder minutos ou meses, a falta de capacidade de exprimir o tal sentimento nos paralizou transformando-nos prisioneiros da nossa própria existência. andar por aí, tentar ver as belezas da vida era inútil, os olhos só enxergavam consumo e lixo."

domingo, 5 de julho de 2009

acho que.

a vontade só nasce da impossibilidade.
uma vez que posso escrever 24 horas por dia, porque agora meus dias são folhas gigantes em branco, perdi a vontade.
meus textos estão se perdendo em micro blocos e guardanapos na mesa do almoço e eu não sinto pesar algum.

vai ver agora que não precisa mais de diploma pra minha mais nova carreira escolhida, eu volte a gostar de direito.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

show de quem?


o mundo se divide entre dois grupos de pessoas; as que viram show de truman e suas vidas nunca mais foram as mesmas e as que viram, e "ok, bom filme"; se você pertence ao segundo grupo, nem se incomode em continuar lendo, porque o meu grupo, é o primeiro (isso mesmo, não existe o grupo que não viu e se existe será ignorado).

eu não sei bem se já tinha pensamentos de truman antes ou depois do filme, mas se foi mesmo depois, esse filme realmente mudou minha vida. a idéia é fantástica e angustiante, e quem nunca teve a nítida sensação de que sua própria vida era um show? não sei se é pelo filme, ou se porque somos o país da novela, mas é quase inevitável não editar pequenas cenas mentalmente em pequenas atividades na rua. vai dizer que você, caminhando na orla nunca teve um momento manoel carlos? as coisas em câmera lenta, alguma música do tom jobim tocando, soa familiar? ou em um momento de pura fossa, você já imagina uma música triste ao fundo? é incontrolável. e esse é o lado bom do show de truman, aguçou a criatividade, e no fundo faz sua vida sempre parecer mais interessante do que é.

agora o lado hardcore do show de truman, não é sensação 'engraçadinha' de "oi, minha vida daria um filme" e sim a sensação paranóica de que "oi, minha vida É um filme"; outro dia numa das minhas já famigeradas conversas com meu irmão, falávamos disso. em como as vezes durante o dia acontecem coisas surreais, que modificam totalmente o rumo normal do dia e como tudo vem sem explicação; chegamos a conclusão de que se nossa vida fosse um show o único real incômodo, seria pros telespectadores, porque seria um saco, mas pensando melhor no assunto, soltei um pensamento que já vinha me consumindo e que tomara que vocês tenham tido a mesma sensação porque meu irmão concordou: vocês já tiveram a plena certeza, ou uma grande desconfiança de que podiam ouvir seus pensamentos? ok, agora oficialmente carimbei o crachá da loucura, mas sério, nunquinha passaram por isso?

morte, grandes acidentes ou doenças, blé, meu grande medo na vida, sempre foi que poderiam ouvir meus pensamentos. quando contamos isso pro nosso outro irmão, ele ficou indignado. não conseguiu conceber como a gente conseguiria sobreviver a essa certeza, porque o pensamento é a festa pra todas e mais sujas coisas que podem nos acometer, e que sem eles, nada tem graça. e sim, ele tem razão. sorte que meu irmão mais velho é tão maluco como eu. ele sabe o que é isso. ele sabe o que é parar de pensar em alguma coisa com a desculpa de "ih, se alguém ouvir que eu tô pensando nisso nunca mais falam comigo", ele sabe como é pensar em algo e ter a certeza de que alguém riu no exato momento do seu lado, enfim, ele sabe o que é ter essa neurose embutida na mente, e deus sabe que isso é o pior castigo que pode existir.

eu penso as piores coisas. sério. mesmo com a neura de "tão ouvindo ou não?" na maioria das vezes eu tô fazendo alguma coisa muito surreal com meus pensamentos. antigamente eu pensava só em coisas que tinham acontecido, sabe aquele pensamento só de reviver uma lembrança? então, mas ultimamente eu comecei a dar asas a minha loucura, e comecei a bater em pessoas via pensamento, humilhar, fazer barracos, uma forma de extravasar mesmo toda a raiva, sabe? uma maravilha. fora que pensamento não são só idéias, o pensamento é totalmente ligado ao visual, então junto com ele, vem as cenas, e elas acabam com a dignidade humana, sério. é só pensar no que você pensa quando 'ninguém tá olhando', horrível né? agora imagina ter a sensação de que podem pegar isso e colocar num telão pra todo mundo ver ao mesmo tempo?

claro que se isso for verdade, vocês vão comentar que já sabiam que eu ia escrever esse texto, porque eu vinha pensando nisso a semana toda, mas claro também que se minha vida for um show, vocês vão mudar de assunto, porque a 'produção' não deixará que vocês façam isso, certo? errado. no fim das contas mesmo, a maluquice reina tanto em mim, como em vocês. porque quem disse que eu só não disse isso tudo pra vocês não acharem que a vida de vocês é um show, e que eu não escuto seus pensamentos? deu pra alcançar o problema?

no fim o show é geral, no fim, é só você, eu e o truman.

sábado, 13 de junho de 2009

carta pr'a montenegro

cara, preciso te falar uma coisa que tá me consumindo; isso tudo o que a gente tá vivendo é besteira. sério. e olha, você sabe que eu não fumo nem nada, que meu único junk side é o raio da bebida, mas te juro, essas linhas são sóbrias. te garanto que o negócio é sério, é isso. me dei conta de que é isso mesmo, essas coisas todas que a gente mal sabe dizer o que são, mas que tão consumindo a gente 'é' besteira.

sei que só de ler essas primeiras frases você tá acendendo um cigarro, mas calma, vou te explicar já-já o que me ocorreu; hoje tava vendo um programa de tv, desses que a gente mal tá pensando quando bate o olho, e era sobre um casalzinho desses iguais de sempre com problema no namoro, mas no final de tudo, na hora que era pra mostrar como o casal ficou depois de um tempão de terapia de casal só a menina aparecia e dizia que o namorado tinha morrido. assim cara, do nada; de uma hérnia louca que os médicos não tinham se ligado e pum, foi levado pro andar debaixo. foi bizarro, sério. é aquele tipo de clichê insuportável mas a menina dizia que todos aqueles problemas, comparados a vida do namorado (que deus o tenha, mas era mesmo um sacana) eram nada sabe? e cara, (olha, já me desculpo por essa mania insuportável que carioca tem de usar cara o tempo todo, mas é que nunca fomos de formalidade) ele tinha 21 anos, quase a nossa idade! tudo me atingiu de uma tal maneira que pensei na hora em te escrever, pra te salvar dessa loucura toda que a gente tá entrando.

olha, são quase duas da manhã, meu vizinho tá ouvindo funk então eu não vou relativizar a razão da nossa existência a essa altura do campeonato, mas me deu um feeling propaganda da visa sabe? "a vida é agora" e tudo mais; relembrei das nossas horas a fio de conversas truncadas, de tanto esforço pra não dizer o que é pra ser dito e acho que o melhor mesmo é jogar tudo pro alto e viver essa merda. é, os odientos vão falar sim que a vida é mesmo uma bosta, que tá cheia de gente com mentalidade mesquinha e pode até ser isso, mas a vida é um cartucho só sabe? não dá pra ficar parando a cada coisa chata que acontece; tenta encarar assim, isso que a gente tá vivendo, esse engodo, esse nó que não desata, isso de "onde estamos? pra onde vamos?" é coisa da nossa idade. prometo. uns param e se ligam nisso, outros detonam a parada toda e nem conseguem perceber, mas a vida é como naquelas fases difíceis de videogame ,mas não tem como você salvar no meio e parar pra tomar uma àgua, sabe? ou chamar o irmão mais velho pra ajudar, sei lá, às vezes até rola, mas o que eu quero dizer é que tudo isso é normal e ta aí pra ser vivido e experimentado. taí, eu sei que agora você odiou tudo, falei que é normal. mas tenta pensar pelo lado positivo e atinar que todas essas nóias, essa dor-doída, é a bossa dessa palavrinha safada que é viver. se tivesse do seu lado te puxava agora, colocava a mão no seu rosto e falaria; confia e só. e finge que eu tô aí e que tô falando isso, confia. confia porque tudo o que você tá mais odiando agora vai ser o mais gostoso de olhar quando tiver mais lá na frente. então vai, confia. te prometo que a partir de amanhã, nossas vidas vão sair do preto e branco e tudo vai virar avenida.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

budapeste.

a poesia desaba por dentro.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

sobre o muro e o bial.

comecei a fazer um curso na (salve, salve) casa do saber. o nome é testemunha ocular e são 5 palestras de jornalistas que estiveram presentes em momentos históricos;

hoje foi a primeira, era sobre a queda do muro de berlim e quem apresentou foi o bial. engraçado; quando vi o tema pensei "nossa, o que mais pode ser dito sobre a queda do muro de berlim?", eu sei, é ignorância, mas a gente sempre acha que a repetição dos assuntos nos leva a uma completa compreensão do tema, e como a gente escuta sempre tanto sobre o assunto (ou ouviu, na escola pelo menos), confesso que minha animação se estendia apenas ao fato de ver o bial de perto. eu sou tiete, claro. não peço autógrafo e nem faço pergunta rebuscada mas sentei na segunda fileira; tá, ele é bonitão, inegável mas comentou algo sobre o jornalismo em geral que respondeu a essa minha idéia de início; depois de um tempo a estampa que a gente apresenta perde pro conteúdo. e é exatamente isso.

o cara sabe, sabe muito. a palestra tem 2 horas de duração e você nem sente, e olha que são aqueles assuntos que a gente cansa de saber, sobre a queda do modelo socialista, os governos de extrema direita, enfim, aquele assuntinho de 2º/3º ano que quando se está no 2º/3º ano é sacal, mas contado por quem presenciou, parece novidade. é engraçado. hoje mesmo eu fui ao forum, e lá voltou a mesma constante que ocupa minha mente há alguns meses e ela se dissipou no momento em que comecei a assistir a palestra, pensei; "é isso". o cara tava lá na história sendo feita, ele forneceu o que viu, e assim foi reproduzido pra que todos nós vêssemos, e isso não tem preço.

uma hora ele tava falando da união soviética, e como os países nas adjacências sofreram com a sua influência, e aí citou minha paixãozinha de tempos do colégio, na verdade um leve affair que eu tive durante os estudos de golpes e mais golpes soviéticos, o da hungria; pra quem não sabe, em 1956 teve um levante estudantil contra o governo stalinista na hungria e depois de muito desenrolar o governo húngaro enfim resolve sair do pacto de varsóvia, pedindo proteção da onu, gerando claro, revolta soviética. até aí quase nada, mas o que poucos sabem é que apesar de muito falado por aí, o exército vermelho lutou basicamente contra estudantes em budapeste, e não com a 'grande' artilharia húngara, causando um massacre enorme e claro, totalmente esquecido não só por todos os outros acontecimentos da época como no mesmo ano, a crise do canal de suez. tudo isso eu vim a ler por acaso num livro só de revolução húngara, porque estava procurando algo sobre o canal de suez, mas ele, cara, ele tava lá!

contando esses episódios ele disse que nesses dias todos na queda ou não do kremlin, ele durmiu ao todo 4 horas mais ou menos, e uma coisa que me chocou nos vídeos das reportagens passadas é que o povo tava na rua. é surreal você pensar que as pessoas deitavam no chão e subiam nos tanques como forma de mobilizar o resto em torno da história que tava sendo escrita ali, naquele momento.

ele nem precisaria falar do desenrolar da história e da queda do muro, e mesmo assim fez com excelência. a mãe dele tava presente, e uma coisa que ele disse que me marcou, exatamente por ser muito verdade, é que o homem precisa de fascismo, isto é, no contexto da palestra, o homem precisa de uma figura de ordem. e longe de ser uma observação positiva, era uma crítica que veio justificada quando ele perguntou pra mãe, se quando ela estava na alemanha no ainda burburinho do nazismo qual era o sentimento do povo e ela respondeu; maravilhoso. e era, as pessoas vibravam por ter um poder forte, um líder eloquente e confiante, cheio de maravilhosas promessas; é exatamente como a campanha publicitária memorável da folha de são paulo; é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. e mesmo que não seja a intenção, claro, um jornalista pode facilmente ser essa pessoa e ter esse poder.

o bial disse que não estava na queda do muro, e que sempre fazem essa confusão, mas falou com tanta precisão que nem precisaria. contou que na europa já estava acontecendo uma pressão intensa pela unificação da alemanha, mas que todos os governos diziam que deveria ser de forma lenta, e que ao total de 3, 4 anos. e aí vem o poder da mídia, o então presidente (primeiro-ministro, um político importante qualquer na época) comunicou oficialmente em um jornal que sim, a alemanha se unificaria mas como não disse quando, todos os habitantes da alemanha oriental e ocidental se aglomeraram no muro, e esperaram então, algum acontecimento. a ordem para os oficiais era pra mudar o comportamento adotado nos mais de 20 anos anteriores, e mesmo sem de fato "quebrarem" o muro, não impediram a pequena fanfarrice que começava a se desenhar. o resto, é história. ao contrário das previsões de todos os governos em menos de 7 meses da falência desse sistema dividido de alemanha, o muro realmente, caía.

bem no fim, já no espaço aberto pra perguntas, quando perguntado sobre uma pessoa importante que ele entrevistou, ou que mexeu com ele, ele citou muitos políticos, pensadores e jornalistas (essa galera de muita pós e muita formação no exterior) mas finalizou com 2 nomes; pelé, e no maior jornalista lék-estáile, dalai lama, com a descrição; "era o dalai lama me olhando cara, e o cara, tem o lance".

depois de passar pela união soviética, alemanhas, bbb, jogos olímpicos, casos e mais casos deliciosos, assim como iniciada, falando da sua paixão, não fanática como ele mesmo disse, mas religosa pelo fluminense, a palestra da mesma maneira terminou;

"bom, tô indo gente, pra ver se dá pra ver o restinho do jogo do meu time".

segunda-feira, 11 de maio de 2009

paris é uma festa, ernest hemingway

comprei esse livro no mês passado, abril, e não tinha começado a ler porque tava terminando o novo do chico. terminado esse então, peguei o meu primeiro exemplar de leitura-hemingway, que comprei por 13 reais, naquele sebo luzes da cidade em ipanema, e fiquei encantada já na primeira folha com a dedicatória escrita no livro;

"para renata, com os desejos de que 1977 seja um ano de revelações positivas, no seu ainda novo e surpreendente caminho da vida. sérgio daniel, abril de 1977".

o livro, paris é uma festa, foi um dos últimos livros que hemingway escreveu antes de se matar, e na parte final do livro, em sua descrição, ênio silva termina descrevendo o livro da seguinte maneira;

"paris é uma festa mostra-nos o escritor no momento em que está, por assim dizer, fechando o círculo de sua atividade intelectual (...) e foi depois de ter escrito essa evocações de paris, repletas de terna candura, quando recapturou, durante algum tempo, a felicidade perdida, o gôsto da descoberta e da invenção, que hemingway colocou na bôca os dois canos de seu shotgun e se despediu de nós: not with a whimper, but with a bang".

não sei quem foi esse sérgio daniel, mas consigo entender desde já porque a renata se desfez do livro. espero que me dê mais sorte, e que não vá parar em outro sebo com uma dedicatória datada também de abril pra um desconhecido.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

tudo

já se deram conta que tudo aquilo não dito, não expresso, não compartilhado de alguma maneira vai ser perdido pra todo sempre em memórias tão quietinhas que você mesmo vai se perguntar se sequer chegaram a existir, ainda que só dentro da sua cabeça?

quietinho, quietinho.
e só seu.

domingo, 26 de abril de 2009

quote.

'com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. senão no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta.'

buarque, chico. leite derramado.

sábado, 25 de abril de 2009

less is more.

se tem uma coisa que é mito é sexo e romance visto em filme. e é uma mentira respaldada por inúmeros filmes produzidos e transmitidos em cinemas, sessões da tarde e filmes inocentemente expostos para alugar. filmes estes que vemos desde que somos pequenos e desde já, enganados com algo que nunca se realizará.

eu lembro que quando era pequena, tinha um sono muito demorado e devido a inúmeras horas de "chama meu pai, chama minha mãe" passei a dormir algumas noites no quarto dos meus pais, onde comecei a ver os filmes que eles viam (nada pornô galera, mas pra uma garota de 7 anos até cena de estalinho é atrevimento) mas nunca consegui ver tudo. meus pais sempre censuravam cenas e eu sempre tinha que tampar o olho nas consideradas ousadas demais pra minha idade. claro que eu sempre tentava dar uma espiada pra ver e desde aquela época achava muito duvidoso aquela animação toda exposta na tv.

fico pensando, meus pais gostam tanto de mim, me querem tanto bem, podiam ter me ensinado desde já que aquilo mostrado na tv e não só o sexo, mas todo aquele romantismo exagerado, como 10 buquês de rosas, ou seu namorado lembrando a roupa que você usou no primeiro encontro, é mentira, e que provavelmente só vai se realizar em momentos pra lá de especiais, como 1 ano de namoro ou na reconciliação pós chifre, e olhe lá!

essa semana tava assistindo um filme cafona brasileiro com uma amiga, e começamos a analisar quanta mentira tem em uma cena de romance e sexo em filme. o casal em questão combinou quando adolescente de se encontrar todo dia tal de abril na pedra do arpoador todos os anos, independente do rumo da vida deles, primeira mentira; você já imaginou você combinando com um amor de adolescência um encontro pro resto da vida? fico lembrando dos seres que eu gostei quando era adolescente, e tudo o que eu menos quero é carregar o fardo de encontrá-los pro resto da vida, e já imaginou, pedra do arpoador? lugar bonito, ok, mas clichê, e imagina se for num puta dia de chuva? não há romantismo que aguente trovões e chuva num lugar incoberto!

ok, vamos ignorar o romantismo barato e analisar a cena de sexo do casal. era um daqueles sexos ultra animados, meio violento e coisa e tal que até aí convence, afinal eles só se encontram uma vez por ano, agora, tudo o que eu consigo imaginar quando vejo uma cena dessas é; "imagina a bagunça que eles vão ter que arrumar depois disso?", porque sexo de verdade não corta pra uma cena bonitinha com o casal se casando no final, na vida real toda aquela mobília arranhada, móveis arrastados, vasos quebrados, vão continuar lá te esperando! e ninguém nunca sai machucado dessas cenas, nunca. a mulher não reclama de puxão de cabelo, o rapaz bate com as costas dela na porta, eles rolam pela mesa, fazem sexo no chão frio - sempre sem barata - da cozinha ninguém usa nenhum método contraceptivo e no fim ainda chegam juntos ao orgasmo, uma maravilha. pena que não é verdade. tá, não tô dizendo que não acontece, mas em todo filme é a mes-ma coisa.

esses filmes são produzidos em série fazendo todo mundo acreditar que você vai ter um relacionamento cheio de romantismo digno de livro sabrina e sexo digno de multishow pós meia noite. e galera, não é (bem) assim. deus divide tudo proporcionalmente (tenho certeza), e talvez, conseguir unir esses dois extremos seja quase que impossível pra reles mortais, e bem possivelmente você vai passar a vida toda tentando unir a pedra do arpoador com o sexo página 12 do kama sutra (é só um exemplo, não sei o que tem lá).

sério. conheço pessoas verdadeiramente frustradas por não conseguirem essa combinação, e isso me dá uma raiva enorme dessa indústria que transforma amor e sexo em uma cena artificial com 2 representantes plásticos de comportamento irreal.

a graça é justamente ser nada parecido com isso. ao contrário da "perfeição" dos filmes, novelas e até livros, a graça tá na simplicidade e não na esquizofrenia da coisa. a graça tá naquele cara que talvez não te dê rosas num fundo romântico, mas sabe te fazer rir, ou talvez num daqueles encontros que ok, não terminam com sexo no lustre mas rendem uma boa conversa despretensiosa.

porque na vida real, a graça, ao contrário da corrida por números altos na bilheteria e na venda de livros, tá no menos, e não no mais.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

é.

o namoro da minha prima de 13 anos, durou dois meses e meio. segundo ela, o namorado, de 19, era muito imaturo e ciumento. eu tenho 20 e o meu durou quatro. no próximo, peço conselhos pra ela.

petrópolis.

minha família tem casa em nogueira, petrópolis e apesar de hoje em dia ela não ter a mesma magia que tinha quando eu tinha meus 10 anos, minhas lembranças de lá são as melhores possíveis. eu fui pra lá ontem, domingo de páscoa pra um almoço de família, e particularmente achava que seria um saco. não pela companhia e sim porque fazia tempo que eu não saía desse meu caminho-de-todo-dia, e já tava totalmente contaminada com a certeza de que pra ser bom, o lugar tinha que ter barulho, gente, agitação. quem já foi a nogueira, sabe que o maior agito que tem lá, fora a praça, é na rodoviária, então as expectativas não estavam altas.

não sei se foi pelo clima da serra, ou se pela total tranquilidade que nogueira passa, mas pela primeira vez em tempos consegui relaxar. o lugar não tem aquela beleza óbvia, nem a estética que a gente tá acostumado a associar a lugares exuberantes, mas mesmo assim consegue ser lindo. tudo está em perfeita harmonia ali. a começar pela praça, que é o centro basicamente de tudo. quando tava passando com meus pais, bem onde era a estação do trem na praça mesmo, eles disseram que tinham se conhecido numa pizzaria que ficava ali, achei o máximo. praça tem sua bossa, podem ter certeza que quase todas, passam uma tranquilidade onde quer que se localizem, ali em nogueira, que já é tranquilo então, fica mais fácil se apaixonar.

o lugar é cheio de casas, você consegue ver o céu sem ter que espichar demais a cabeça, e a falta de barulho chega a causar estranheza aos ouvidos. ir pra um lugar desses, morando em copacabana no rio de janeiro, chega a ser engraçado. as pessoas não tem pressa! parece que ninguém tem compromisso ali, o único é o trânsito religioso entre a padaria, locadora, e um (ou dois no máximo) restaurantes aconchegantes que ficam por perto.
até o sol é diferente. é um daqueles que tá dá vontade de se jogar na grama e ficar por lá, sem hora nem nada.

depois de um tempo você começa a admirar muito esses lugares que são justamente bonitos pelos seus detalhes, é uma beleza tão sutil que alguém já corrompido pela rapidez do dia a dia passa batido.

acho que por isso que esses lugares não ficam tão perto do rio, a probabilidade de você ir e se render é alta, e essa perspectiva de não ter hora, pressa ou compromisso é tentadora demais pra ficar tão facilmente ao nosso alcance.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

big brother, brasil.

escrever sobre big brother tá na moda, e como eu já não uso pó bronzeador e não vou pra baronetti todo final de semana pelo menos nessa onda eu entro.

tava lendo um post de um amigo (lado direito, link corramarry) e me deu esse clique; porque raios as pessoas odeiam tanto o big brother? numa dessas minhas conversas infinitas com meu irmão sobre tudo e o nada ele me disse que um dos planos dele pro ano que vem era se inscrever no big brother, e eu na hora falei; "cara, mas depois você vai se tornar um ex-bbb", isto é, minha primeira reação não foi nem pensar na passagem dele pelo programa ou num julgamento sobre a essência do programa, minha reação imediata foi julgar o status que ele vai alcançar depois.

convenhamos, o grande ódio contra esse reality show é pela possibilidade de você ser lembrado meramente por uma passagem medíocre e ganhar um prefixo de ex, mas pensando bem, quem nunca passou mediocremente pelas situações e/ou já não ganhou um título de ex? tudo bem, nem sempre é visto por milhões de pessoas, mas tenho certeza que nesse caso específico esse ódio se deve meramente ao medo do que os outros vão pensar da gente. entrar num big brother da vida é botar a cara pra bater e conheço poucos que assumem que o fariam, justamente por isso, tem que ter coragem.

meu irmão, particularmente, justificou sua vontade com uma ótima observação; a gente se prende demais a um papel só. se você é inteligente, não pode querer exibir o físico, se é gostosa é difícil que conclue uma faculdade e continua até o extremo; você pode até ser formado, ter pós-gradução, ser fluente em 7 línguas, viajado o mundo e ser gostosa que ao falar "queria ir pro bbb" vai ser estigmatizado como um pária na sociedade.

pessoalmente, minha relação com o big brother é de amor e ódio; apesar de adorar, odeio admitir com medo dos sermões dessa intelectualidade frustrada da média burguesia. ô gente chata. pergunte pra um desses o motivo deles odiarem; a maior parte vai se resumir no mesmo conceito, vai dizer que aliena as pessoas, que a maioria que tá ali gosta de aparecer e não tem cérebro. ok, ainda que fosse verdade, qual é o grande problema nisso? é sério, o que aconteceu com o entrenimento puro e simples? confessem; faz sucesso porque é uma combinação infalível, eles pegaram tudo aquilo que a gente gosta de ver e estabeleceram um horário pra passar na tv. todo mundo - às favas com quem mente o contrário - adora ver um barraco, todo mundo adora ver um romancezinho ainda que fake na tv, e todo mundo, principalmente aqui no brasil, adora tentar fazer justiça com as próprias mãos, e dar dinheiro no fim pr'aquele que foi "a" pessoa no programa, como retorno, é uma prova disso.

não é que as pessoas não gostem de big brother, elas não gostam é desse julgamento silencioso coletivo, que prevê que só porque você se interessa pela vida alheia, você se aliena do resto; é culpa de classe média, sobra sempre muita seriedade e pouco divertimento.
eu vejo e adoro big brother, me julguem, condenem, que seja, só não tentem me convencer de que num sábado à noite numa mesa de bar, essa gente fala de política e economia, porque nessa hora, você não quer saber se o brasil virou credor do fmi ou se o obama visitou o iraque, você tá querendo - e morrendo de inveja - saber do sortudo que ganhou um milhão de reais.

terça-feira, 7 de abril de 2009

sobre bairros.

sábado passado andando pelas ruas de meu amado bairro resolvi dividir uma teoria que eu tinha desenvolvido com minha companheira de assuntos estranhos, joana. (nem vem, todo mundo tem um amigo pra contar essas coisas) e era fazendo uma relação entre o bairro que eu moro, copacabana (...sinto copacabana por perto é o vento do mar..) e botafogo, bairro que fica a Band, onde eu estagiava.
pois bem, meu caminho era religiosamente o seguinte; eu pegava o 4-alguma-coisa, onde o ponto final é do lado da minha casa e saltava lá no rio sul, atravessava aquela passagem e depois andava uns 15 minutos até chegar e fazendo esse caminho todos os dias reparei o seguinte; as pessoas cismam que copacabana só tem gente estranha e maluca, o que é verdade, mas botafogo é totalmente proporcional a esse quesito! e pior, eles ainda não assumiram essa identidade. não ouso dizer que em o ar de copa é aquele ar provinciano do eixo ipanema-leblon, não, nós não temos o manoel carlos nem vinícius de moraes pra deixar qualquer coisa bonita, mas com certeza temos a maluquice característica de um bairro que totalmente já assumiu sua identidade, e é aí que ganhamos de botafogo. andando pelas ruas - muito mal pavimentadas e pequenas - de botafogo pude perceber que existe a mesma quantidade de gente estranha e maluca caminhando pelas ruas, mas ao contrário da minha galera eles possuem toda uma tensão no ar, é como se fosse o seguinte, se esses bairros fossem pessoas, copacabana seria o idoso que já sabe da sua idade e resolveu aprontar com os outros velhinhos da praça e botafogo é aquele que acabou de chegar na casa dos 70 e ainda não sabe o que fazer com aquilo. enfim, o que eu estou querendo dizer é que a maluquice é inerente a copacabana, e quem vive aqui, sabe disso. você não se assusta com quase nada que acontece aqui, e até se estranha se algum maluco não te abordar na rua. agora essa é uma novidade pra botafogo, eles possuem os malucos, mas não tem quem aprecie o show. imagina o drama.
pra mim tá sendo uma descoberta incrível morar aqui, tirando os dois anos que morei na barra antes de vir pra cá (papo pra depois, a barra merece um post só pra ela) e todos os outros que morei em ipanema, esse um aninho que estou aqui merece - e muito - ser celebrado.
e pode apostar, quando os outros bairros já estiverem na festa e for a hora do parabéns, devidamente representado pelo hino dos malucos na voz da rita lee, botafogo vai ser aquele primo invejoso emburrado, sentado no sofá.

domingo, 5 de abril de 2009

estive pensando.

"hedonismo 1) a doutrina que considera o prazer ou a felicidade como o único ou principal bem da vida; 2) estilo de vida de iluminação e gozo; 3) uma perspectiva muito agradável"
manual do hedonismo - michael focker

em algum momento desse ano eu devo ter soltado uma travinha maldita. poderia até arriscar um momento exato, mas como blog é público e sabe-se lá quem lê essas baboseiras fielmente escritas aqui, vou me conter.
mas a verdade é que eu tenho cometido verdadeiras insanidades e alguém, de verdade, precisa começar a me controlar.

eu sou uma pessoa tímida. sério. tirando os momentos que eu tô nervosa, que aí falo muito, ou estou sob ébria influência faço de um tudo pra entrar e sair (de prefêrencia) dos lugares sem ser percebida. até na sala de aula sofro daquele mal conhecido de gente tímida de não ousar falar ou perguntar nada ao professor, é uma angústia. tímido que é tímido sabe o que é isso, é um sofrimento diário. o professor pergunta, você sabe a resposta mas não há santo que te faça falar.

pois bem, outro dia na minha aula de direitos humanos constatei a minha falta de trava; depois de assistir um vídeo introdutório sobre o que são direitos humanos a professora abriu pra um debate, e aí veio o momento. não, claro que eu não saí falando, uma aluna começou a falar de um dos trechos, que era sobre o sequestro do ônibus 174, do filme, e em dado momento falou que apesar do pesares a gente devia entender o lado dos tais policiais do bope que fizeram a merdinha no fim. e aí, aconteceu, na hora eu soltei um riso, totalmente sem querer, e aí olharam pra mim. imediatamente senti meu rosto queimar, e aí já era tarde demais, fui obrigada a justificar meu risinho desdenhoso. maldita (faltade) trava. falei uns 10 minutos, e quando vi tinha instaurado uma discussão inflamada sobre o assunto.

ok, me senti bem, iniciei o caos na aula pacata que é direitos humanos e depois fiquei assistindo. uma conquista pro time dos tímidos. agora, a falta de trava nem sempre vem nos momentos acadêmicos, e é aí que mora o perigo.

uma amiga minha veio conversar comigo outro dia, pedindo justificativas para os meus surtos e eu, num discurso hedonista que nunca me pertenceu justifiquei falando que; "ah camila, você tem que se jogar, pára de passar vontade" e ela olhou e disse que não me reconhecia. taí, manêro. gostei da idéia de não ser eu. a nova élide então, comprou um livro pra aderir como bíblia, que foi "o manual do hedonismo" e vem seguindo até então. logo abaixo do título tá escrito assim "dominando a esquecida arte do prazer" e quem conhece esses gregos sabe que os caras sabiam se divertir. resumo, pra alguém como eu, ler algo assim é tentador, e justamente por isso, perigoso. no maior dionísio estáile venho surtando consideravelmente ultimamente e o que no começo era graça, agora tá virando dor de cabeça. quem já teve essa idade e/ou esteve nesse time dos gregos sabe que a graça tá nos primeiros 10 minutos da coisa. tá, ok, na primeira semana. toquei el joda-se e vim fazendo tudo o que queria fazer; se não tava com paciência pra aula, não ia, se queria beber em dia de semana, bebia, se tava com raiva de algum amigo ignorava ou xingava e outras pequenas permissões as quais me recuso a expor mais por apreço a mim e aos envolvidos, e o resultado foi surpreendente. claro que devo ter atrasado um câncer por guardar toda essa vontade por alguns anos mas em compensação essas pequenas permissões de "prazer" me renderam alguns maus bocados. esse gregos deviam viver pouco. é sério. hoje quando acordei com aquela conhecida dor de cabeça me senti com 60 anos. qual é a graça de bater estaca a noite toda se entupindo de cerveja? e o pior, tudo acontece num flash de 10 minutos, você estava de corpo, mas nunca de espírito.

deixei de lado o manual, minha mente é fraca e fiquei com medo de ler até o final. comprei outro, o nome é "como me tornei estúpido", (pede um risinho o título, eu sei) mas a história é gostosa, (vale a pena googlezar) e o que eu gostei mesmo foi do (curto) resumo da vida do autor; "martin page nasceu em 7 de fevereiro de 1975 e estudou antropologia. convencido de que a escrita não exige a convivência em ambientes hostis martin page tenta, até hoje, e desesperamente, levar uma vida tranquila". tenho vontade de ser amiga de um cara desses quando leio algo do tipo. dá pra imaginar uma vida melhor do que reclusão e escrita? melhor, a tentativa - desesperada - por uma vida tranquila?

dionísio pode me odiar agora mas enquanto eu não descubro os meios secretos de lidar com essa vida de festa os gregos vão ter que me desculpar, troco o hedonismo por tranquilo (adj. quieto; sossegado; calmo; certo; seguro.) e volto com a minha trava e timidez.

segunda-feira, 30 de março de 2009

chega de saudade.

odeio meus pais. 
eles sempre fizeram com que eu e meus irmãos passássemos mais tempo um com o outro do que a maioria dos pais obrigam seus filhos, daí quando um se ausenta fica esse sentimento péssimo que é a saudade.
meu irmão mais velho tá fazendo um cruzeiro de formatura. foi na sexta-feira e volta amanhã e eu estou sem ter o que fazer há dias. nem sair de casa tem mais graça, porque sempre quando eu saio ele vai no meu quarto e fala "vai lá, sua traidora", e agora só meus pais reclamam. fora que eu tenho uma insônia brabra e só ele está acordado quando eu resolvo andar pela casa e procurar o que fazer. agora só me resta conversas virtuais com pessoas que sempre vão dormir antes de mim.
fora que eu invejo pessoas como meu irmão, ele é pacato. faz as coisas de forma mansa e tranquila, é calmo, fala pausadamente, e ao mesmo tempo tem sempre papo e consegue as respostas das coisas muito antes de mim. faz direito mas quer cinema, compra livros e lê todos, enquanto fiquei na vontade foi e fez curso de fotografia e provavelmente é uma das melhores pessoas que eu conheço.
odeio meus pais, e ainda mais sentir saudades.

sábado, 28 de março de 2009

pelas redondezas.

eu tô com um novo objetivo na minha vida; criar intimidade com a galera do meu bairro. comecei com o pessoal do meu prédio, mais precisamente meus porteiros; tem um que se chama joão, daí eu passei a chamar de john, quando ele está relativamente perto eu passo e dou um tapinha no ombro dele e solto um "jôôôôhn" e sinto que estamos mais próximos. tem um outro que eu não sei o nome, e provavelmente nunca vou saber porque já moro aqui há 1 ano e não posso simplesmente confessar agora que eu não sei, então com ele eu criei a intimidade de falar sobre o tempo, eu passo e digo "é, hoje é solzão hein" e ele sempre ri - sempre - e depois faz alguma observação climática também. com o porteiro do prédio ao lado eu passo e quando ele olha e faz cara de semi-conhecido eu solto pra ele um "ôpa" ou "oba", uma vibe meio interior que sempre funciona.
no zona sul eu também fiz amizade, e uma amizade que me rende bons frutos; a mulher do pão de queijo. depois de tanta encheção de saco pra ela reservar os mais anêmicos pra mim agora sempre batemos um papo superficial.
hoje foi minha maior conquista, consegui estabelecer contato com um cara que eu sempre quis; bem perto do zona sul tem uma banca e o cara que trabalha nela sempre tá com uma camisa do vasco, meio antiga e eu sempre pensei em zuar ele, assim de graça, mas sempre ficava com vergonha. hoje criei coragem, graças ao meu novo objetivo. o flamengo tinha acabado de ganhar e eu tava com a camisa, e ele com a dele do vasco, a gente se entreolhou e foi o momento, soltei; "uma hora vocês perdem hein", e ponto pra mim, ele deu um sorrisão e disse "vâmo ver, vâmo ver". ganhei o dia.
minha nova ambição agora é falar com um velhinho que tá sempre sentado perto do ponto de táxi, tenho muita curiosidade de saber qual é a dele.
fiquem no aguardo, copacabana será toda redescoberta por mim.

filhos.

um dos sonhos que eu tinha era ter uma família grande. mas tipo, grande mesmo. daquele tipo bem italianona cheia de crianças correndo pela casa, gritaria nas refeições numa mesa enorme cheia de gente.

tinha.

hoje meu sonho foi destruído pela presença de um exu em forma de criança no zona sul. a dita cuja estava totalmente enlouquecida pela proximidade da páscoa. juro. eu fiquei no mercado mais ou menos uma meia hora fazendo compras e a criança corria e sacudia uns 10 (exagero) ovos de páscoa naquelas mãozinhas pequenas ao mesmo tempo em que gritava com a mãe - que nesse momento devia estar se perguntando o porquê de não ter dito que estava com dor de cabeça naquele dia fatídico - pedindo mais umas 20 coisas desnecessárias. e pior, fazia tudo isso puxando o vestido da (coitada) da mãe. depois correu mais um pouco, derrubou umas 20 coisas no caminho enquanto solicitava enraivecida a mãe se podia levar isso, levar aquilo pra no fim mesmo com todos aqueles ovos na mão, concluir pra mãe em um momento de primeira grande frustração na vida ao berros "mãããããããããããe, não tem o ovo da hannah montana".

família grande uma ova.

sexta-feira, 27 de março de 2009

é.

a empregada daqui de casa chegou correndo e feliz pra mim ontem quando eu cheguei e disse; "mandaram te entregar isso", e me passou um papelzinho dobrado com um número de telefone e um nome, andré. de acordo com ela, ele é meu admirador secreto e me vê passar todo dia na rua e agora, ela espera sinceramente que eu faça alguma coisa em relação a isso.

pode deixar luísa, vou sim.

segunda-feira, 23 de março de 2009

(antesfosse) cotidiano.

juro que dava o mundo pra ter aula menos vezes por semana só pra poder acordar e ficar viajando com o barulho da chuva. dá pra acreditar que tem gente que não gosta de tempo assim? eu sou aquela até meio paraíba no que concerne a clima, basta uma chuva pra eu sair de calça, casaco e se bobear até um cachecol, é bom demais. o chato é que dá preguiça, tempo assim não combina com esse ritmo agitado de carioca, praia e açaí. tempo assim é pr'aqueles que apreciam cada detalhezinho de um dia cheio de pequenas grandes coisas.
é pra se acordar com paciência, se espreguiçar durante uns 20 minutos rolando na cama e espiando pela janela. caminhar lentamente - de meia e chinelo por favor - pela casa e enfim alcançar a cozinha e preparar um chocolate quente, nada de correr pro banheiro pra lavar o rosto e já escovar os dentes, é hora de voltar pra cama e protelar o início de um dia por mais uns 10 minutos. aí você vai pegar um livro, e sem pressa vai degustar cada frasezinha escrita em cada folha, parando de minuto a minuto com o barulho da chuva ficando ora mais fraco, ora mais forte. perfeito. quando parar de tomar o chocolate quente e ler o livro, vai colocar uma música, de preferência algo que remeta a um som empoeirado, estilo café na frança, bossa nova no leblon, algoassim, sem muitas pretensões.
daí você vai receber uma mensagem ou um telefonema ( de preferência mensagem, ligação agita demais ) que vai te render um programa pra tarde, aquele filme que você nunca consegue arranjar companhia pra ver mas num dia de chuva como esse, consegue, o cinema não tem fila, não é em shopping e o filme é inesperadamente bom. já disse, perfeito. daí pra sair e tomar um café é um pulo, por isso a companhia tem que ser boa, café é algo calmo, é preciso ter papo pra matar o tempo. e quando se chega a tantas pequenas perfeições sutis ao longo do dia, o que mais vier é lucro.
ah, quem quer viver em cidade ensolarada e barulhenta o tempo todo?
caio diria; "tenho tido dias maravilhosos, mesmo tão quietinhos".

domingo, 22 de março de 2009

outono.

sabia que minha felicidade instantânea tinha motivo, começou na sexta-feira minha estação preferida; outono.

pra entrar no clima vale a pena ler a coluna do artur xexéo na revista de domingo do o globo de hoje.

sábado, 21 de março de 2009

futebol.

é muito triste saber que eu sou flamenguista às vezes, principalmente quando tá passando o campeonato italiano e inglês na tv.
lembro que eu comecei a gostar de futebol - sem ser quando o flamengo jogava - na copa passada. eu tava no terceiro ano e meu professor de química, que também era coordenador do colégio, falou que quem quisesse sair da aula pra assistir aos jogos, poderia. pra quê, né? tínhamos que aprender a gostar de um jeito ou de outro. claro que depois de alguns - muitos - chopps (tinha um pé sujo estrategicamente posicionado do lado do meu colégio) já tinha se formado uma roda de mulheres falando e criticando o jogo com a maior propriedade. na verdade a gente falava mais dos jogadores do que o jogo em si, mas enfim, tava valendo. logo depois surgiu o album da copa e aí já era. foi um deus nos acuda, eu comprei, claro e se instaurou uma guerra no colégio por figurinhas. eu lembro que o time da alemanha era o mais insuportável, eu devia ter umas 2 repetidas de cada um daqueles infelizes e o que eu mais queria, que era completar a parte da costa do marfim, não consegui. aí quando acabou a copa tive que voltar pra triste realidade de flamenguista que sou.
nunca vou esquecer a libertadores por exemplo, nunca mesmo. não só chorei com a eliminação inacreditável do flamengo como tive que engolir o fluminense vencendo o são paulo; engolir, mesmo! eu tive a brilhante idéia de ir ao jogo e assistir na torcida do são paulo, e quando estava feliz da vida cantando "jovem fla - independente " aconteceu o que vocês viram. claro que o final dessa tragédia mais a frente foi delicioso mas na hora foi bem desagradável.
e desagradável tem sido a palavra desde então, ser flamenguista não anda fácil, mas de acordo com os deuses do futebol - deve ser algo assim - amanhã é dia de flamengo! o fulham e o tottenham já ganharam e até agora o catania tá levando em cima do lazio. fiz até aposta pro clássico mais tarde, roma e juventus; certeza que roma leva. e se tudo correr bem até o final da tarde amanhã os jogadores do flamengo, devidamente remunerados, enfim, vão deixar de fazer corpo mole e dar mais um chocolate pros' vascaínos.

domingo, 15 de março de 2009

almoço de domingo.

família árabe e italiana; se tem 2 coisas que a gente sabe fazer é brigar e comer.

quinta-feira, 12 de março de 2009

pra'quem é da puc.

juro que um dia ainda descubro quem é washington braga.

domingo, 8 de março de 2009

prosa de irmãos.

eu: ah, acho que não vou no seu aniversário não, ouvir aquele tuntitunti a noite toda.
arturo: mas eu quero que pessoas queridas estejam perto de mim
eu: ué, mas você nem insistiu pro rodrigo ir, ele não é querido?
rodrigo: pois é, nem fui convidado
arturo: claro que foi.
rodrigo: não fui não.
arturo: claro que foi cara, eu te mandei um email convidando.

sexta-feira, 6 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

cultivo de rosas e rimas.

não é esquerda ou direita, tampouco no meio.
é qualquer coisa desencontrada, sem medo e anseio.
nem perdoa, nem é perdoada, é guardada no peito.
se com rima é montada é desfeita no jeito.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

desempregada.

porque mesmo quando as coisas parecem boas a gente tem uma vontade danada de arriscar? deve ter algo a ver com adrenalina, tensão, sei lá, qualquer coisa assim, só sei que de vez em quando a gente tem que jogar tudo pro alto, dar a cara pra bater.

me demiti.

pensei algumas vezes nisso, em como fazer, em como algumas coisas a ver com o meu trabalho me remetiam ao passado e quando menos esperei que fosse fazer, fiz.
é engraçado mas triste. me deu uma baita sensação de desistente, e só por isso dá vontade de voltar, mesmo sabendo que não é o melhor. o bom é que todo término pede um recomeço, e quando a gente menos espera tá projetando coisas, antes, inimagináveis.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

se fosse.

se fosse filme, seria do almodovar.
se fosse um presidente, o chavez.
se fosse música, da bjork.
se fosse arte, pablo picasso ou dali.
se fosse feriado, carnaval.
mas é futebol, então é flamengo.

absurdo. surreal. cômico. trágico. sem noção.
resende 3, flamengo 1.
e como o que tá ruim, sempre pode piorar, experimenta ver isso ao vivo num dia de mais de 35º graus no maracanã em sábado de carnaval.

carnaval (2)

o que mata é a vontade.

carnaval.

é carnaval.
podem fazer o que quiser.
agora só voltam a te julgar na quarta-feira de cinzas depois de meio dia.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

o rio de janeiro continua, sendo.

hoje eu vivi uma experiência (quase) única.
assalto em ônibus.
digo quase porque uma vez eu fui assaltada com uma amiga. inexperientes que éramos pegamos um ônibus totalmente duvidoso e sentamos no penúltimo banco. estava ao ponto de ser cômico, eu pedi meu chip de volta pro assaltante e a minha amiga primeiramente negou que tinha um celular. foi sorte, ela tinha carteira e outras coisas na bolsa e eu tinha meu ipod e câmera digital na mochila e no fim ficamos só sem celular e sem chip.
hoje foi diferente, primeiro porque eu não fui de fato assaltada, segundo que foi mais sério.
eu sempre sento nos primeiros bancos, ouço minha música e sigo minha vida "feliz" até o trabalho, hoje não teria sido diferente até o momento que eu escutei um grito "ladrão, ladrão" e olhei pro lado e as mulheres perto de mim estavam no chão. estávamos no meio da nossa senhora de copacabana, nove e meia da manhã e o sujeito não perdoou. o ônibus tava parado, e eu não sei se vocês repararam mas copacabana está cheio de pm's nas esquinas ultimamente, então quando tirei o fone e olhei pra trás tinha uns 5 pm's entrando de pistola e gritando com o sujeito. é engraçado que a reação de quem faz merda é sempre a mesma em qualquer situação; nega. a única coisa que eu ouvi antes de dar a minha abaixadinha no banco, como todo o resto do ônibus, foi ele falando "eu não sou ladrão, não sou", a conhecida esquizôfrenia pós "me dei mal".
algumas pessoas - mulheres claro, são sempre elas que soltam esse tipo de comentário - falaram; "eu já tinha percebido logo quando ele entrou" e a trocadora jurou que o mesmo sujeito tava perambulando pelas ruas desde cedo assaltando um monte de gente. vai saber.
o que eu sei é que foi tenso, e basta qualquer coisa dessas acontecer pra gente achar que vai morrer e querer ligar nos 5 minutos seguintes pra todas aquelas pessoas que a gente quer deixar uma última mensagem.
mas passou. não morri, não liguei e segui pro trabalho, com mais medo do meu chefe não perdoar meu atraso pelo ocorrido do que pelo fato em si.
enfim, como qualquer carioca que se preze sei que tá mesmo na hora dos assaltos se intensificarem, afinal o rio de janeiro continua sendo a terra do carnaval e todo mundo quer se divertir.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

sobre uma loucura constitucional (2)

esse título, infeliz e ironicamente, leva esse dois devido a um post feito numa segunda-feira, dia 5 de janeiro desse ano.
vale a pena vasculhar ali o arquivo pra ver o porquê.

eu disse que ia render.

vounaovou? (2)

não fui.
fiquei em um daqueles dias que o fazer nada parece tão encantador que dá vontade de se mudar pra um interiorzão e nunca mais voltar.
peguei uma boa overdose de filmes na tv, vi coach carter - aquele que você já viu vários pedaços mas nunca consegue ver todo -, ligeiramente grávidos - do tipo que você odeia confessar que chorou de rir - e um bom ano; e esse post é dedicado àqueles que não tem a mesma visão fechada dos críticos americanos, que malharam tanto esse último que se eu tivesse lido as críticas antes era capaz de nem querer ouvir o nome do filme. nem preciso dizer que lá, foi um fracasso de bilheteria.
o filme é gostoso de ver, não chega a ser denso mas também não cai no clichezão máximo.
a atuação do russel crowe tá impecável, apesar de eu ter que confessar que sou fã de personagens cheios de trejeitos e afetações. pra completar, é passada em toda a antiga - e deliciosa - combinação de rivalidade entre a Inglaterra e a França, o resultado é um filme com algumas boas lições - ainda que a gente já saiba - de relações humanas e o valor das coisas simples da vida. vale - muito - a pena ver.

ficaadica: estreiou esse final de semana no telecine, então deve passar direto na programação agora.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

vounãovou?

eu vou, é melhor ir.
não sei, talvez seja melhor ficar em casa.
mas é sábado, você trabalhou a semana toda, depois vai se arrepender.
hm, mas um banho quente agora.
mas pô, todos seus amigos vão, é quase carnaval.
ah, dane-se, carnaval nem é tão legal assim.
mas é sábado.
mas um filminho.
é sábado.
você saiu ontem, aliás nem deveria.
é sábado.
dane-se, decidi, não vou.
vou.
não vou.
vou.
não.

(continua eternamente).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

fora de área.

tem uns dias que a gente acorda e tá totalmente desligado da vida real, hoje eu tava num desses.

me imaginei chegando com um bigode enorme no trabalho
me demitindo por um motivo idiota, como não gostar da cor das paredes ou da disposição dos móveis
imaginei o mestre dos magos dirigindo um ônibus, e enquanto estava andando de carro transformei o asfalto naquela fase da peach de arco-íris no mario kart, vocês lembram? era bem pentelha. até cogitei a possibilidade de fazer: mario kart o filme, com o meu irmão, imagina aquele monstro que andava na pista com uma boca enorme aberta atrapalhando os carrinhos de karts no meio da rua? ou então você tirando 3 cascos vermelhos pra andar num dia de trânsito?
pensei em quanto eu preciso de um nintendo 64, nenhum outro videogame despertou um sentimento desses em mim.
é engraçado as coisas que a gente imagina quando não tem nada pra pensar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

planob.

mas não é que você esteja mal, não, não é isso. as pessoas não entendem, elas não podem te ver quieta sem que pensem que há algo de estranho no ar, elas sempre acham que conhecem você, querem ouvir sua história, querem opinar, e você até pode querer contar, mas sabe que no minuto que começar, vai se arrepender, porque é sempre assim, e você sabe disso. mas você ensaia um começo, e com a mesma rapidez um julgamento e um conselho. e você ouve isso toda hora, é quando está insatisfeito com o trabalho, quando está de saco cheio da faculdade, puto com os amigos, a verdade é que tá todo mundo no automático, e elas vão fazer qualquer coisa pra continuar nele. e acreditem, não perguntem nem peçam conselhos a não ser que realmente queiram, porque em geral, todos, todos, tem alguma coisa pra te falar.

e não é tristeza, nem raiva, é ausência de sentimento por algumas coisas que deveriam ser tão importantes, e um descontrole de sentimentos por outras coisas. o que é, é, você não pode culpar ninguém por isso, o problema é o que você vai fazer com tudo o que sobrou, com toda aquela caixa de coisas que você não queria revirar, e agora tá gritando seu nome. você tem vontade de ligar, e falar coisas que nunca falou, de escrever cartas que você nunca vai enviar e todo aquele tipo de coisa que em dias, semanas, meses vai estar totalmente aquietado na memória.

a vontade é de arrumar uma mochila; pegar um livro - um só, algum aleatório, pra te obrigar a criar um vínculo com algo inesperado mesmo - uma máquina - de filme, pra ter surpresas depois - uma meia dúzia de roupas - de preferência as confortáveis e não as que a gente se aperta pra ficar mais bonito e se mandar. zero celular, zero acúmulo de informações, zero tecnologia forçada, zero. exatamente isso, ausência. imaginou? uma casa de madeira, tanto faz numa praia ou num campo, uma cama confortável, e você, com você mesmo. pode ser numa cidadezinha também, com poucas pessoas, daquelas cheias de história pra contar. um diário pra isso seria perfeito, mas diário acaba virando obrigação, e tudo que é importante, de um jeito ou de outro, tá fixo na memória. então segue. vai. racionalizar te paralisa.

e não espere nada, porque não esperam nada de você.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

iwonderwhy

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u501989.shtml

ouvi isso na rádio e confesso que não fazia idéia que era hoje.
é impressionante como a guerra chega tão mais rápido nos nossos ouvidos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

flamengo meu (2)

voltando para a série de comparações de paixões, time com certeza é a mais idiota delas. é a representação máxima do amor e ódio andando lado a lado. paixão cega e ódio doentio, ou ao contrário, tanto faz, de qualquer maneira a consequência é a mesma.
o fato é que meu time (e aí a gente usa o pronome possessivo com gosto) tá nas semifinais, e aí novamente vira paixão, ela pode te dar o mínimo, que já é o suficiente pra te inebriar. isso claro, até você voltar a ficar com ódio de novo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

o dia.

hoje eu me senti foda. a sensação que eu senti hoje pode se comparar a pouquíssimas sensações na vida.
acredite, é aquele tipo de sensação que vem com coisas muito específicas, e que apesar de não ter tanto valor pra massa sempre dá uma puta inveja quando você vê se concretizar no outro.
é algo que pode se descrever como quando você - que sempre senta no fundo - consegue tirar uma nota maior do que o nerd da primeira carteira, ou quando você compra um livro muito barato e depois um amigo diz que comprou pelo dobro do preço (ah, admite, você adora), ou quando aquela garota que você odeia volta do intercâmbio 10 kg mais gorda, sabe? (essa se compara a sensação que os garotos que eram os excluídos e estranhos pegam a mulher mais gata da night e os "so called" populares veêm) enfim, é a sensação que te deixa bempracaráleo e dificilmente você consegue descrever sem usar palavrão.

como aposto que agora todos estão se sentindo levemente nostálgicos com a descrição posso começar a narrar o ocorrido.

de manhã mudando as coisas de uma bolsa pra outra vi o guarda-chuva no fundo, e olhei pra janela, vi aquela bola de fogo e lembrei daquelas sabedorias de avó; "melhor prevenir do que remediar", então, levei. fui pro trabalho, um calor que parecia que o diabo estava assoprando na cidade com um sorriso irônico. passaram-se as horas, 6 horas da tarde, fui embora, e aí começou.

vi o tempo meio estranho, uns ventos esquisitos, mas ao mesmo tempo, muito, muito abafado, daí, aconteceu; uma pequena gota inaugurou e depois um pé d'àgua sinistro acompanhou, todo mundo correndo pra debaixo das marquises, caras de revolta, uns e outros levando chuva na cara e um pequeno caos se instaurou nas ruas - mal pavimentadas - de botafogo. aí, o clímax, eu retirei, lentamente, meu guarda-chuva da bolsa, e nessa hora, senti uma inveja parecida da que o frodo sentiu quando colocou o anel, foi fo-da! eu era a única - sério, sem exageros pra deixar a história mais interessante - com um guarda-chuva, a única andando seca e tranquila naquele momento, e ali, bem ali eu pensei "hoje, é O dia" e dane-se que depois eu percebi que estava de sapatilha de camurça, ali, bem ali eu fui o cara de que dá bem em cima do nerd, o da pechincha do livro, a amiga invejosa realizada e o cara que pega a mulher mais gata da night.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

sem assunto

quando você gosta, você olha duas vezes.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

planeta bizarro.

top do planeta bizarro do g1 da globo.com
http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL974501-6091,00-BODE+E+PRESO+ACUSADO+DE+TENTAR+ROUBAR+CARRO+NA+NIGERIA.html
acontece sem-pre comigo. eu tô no trabalho, meu chefe tá me procurando, e pf, virei uma cadeira giratória.

feitiçaria? é tecnologia.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

flamengo meu.

futebol é como qualquer outra paixão, depois de uma decepção fulminante a gente jura que nunca mais embarca em uma. bem como precocemente prometido, precocemente a gente se vê totalmente envolvido e gritando gol.
ora pelas paredes, ora pela janela do quarto, o êxtase na paixão e no futebol tem o mesmo som e gosto.

e se?

e se você subitamente se der conta que talvez não tenha aptidão pra ter alguém?

comunique-se.

pra mim, se comunicar, sempre foi aquilo de se fazer entender. não importando as convenções, no fim das contas o que realmente sempre foi fundamental é que a outra pessoa consiga captar aquilo que você está transmitindo. mas, será? estive pensando em até que ponto eu me sinto satisfeita em que a outra pessoa somente entenda o que eu estou falando e pare por aí.

em todos os significados da palavra comunicação tenho por mim que o ideal não é só que a pessoa te entenda, como ela consiga te acrescentar alguma coisa. não que todas as pessoas tenham algo a acrescentar, ou mesmo queiram, mas mais importante do que se fazer entender através de palavras, gestos ou qualquer coisa que o valha é conseguir tocar a outra pessoa a ponto que ela sinta-se estimulada a participar tanto quanto você desse teatro comunicativo.

é raro, acreditem. tentem aplicar isso no dia-a-dia e percebam quantas pessoas ligam o automático enquanto você fala, ou até aquelas que não ligam o automático, reparem que elas – ainda que não tenham nada a acrescentar, por vezes por falta de base mesmo – estão totalmente desinteressadas.

comunicação só é comunicação se for através de troca, não tem a menor graça se você está sozinho, e a troca não é A fala, B escuta, é A fala/estimula/toca e B absorve e fala/estimula/toca A.

então seguindo a linha do outro post onde citei um trecho da Martha Medeiros, ofereça algum resultado pro outro, que a troca é garantida.

sábado, 24 de janeiro de 2009

(ainda) sobre a existência.

sobre o post abaixo, leiam um complemento no blog do meu irmão, ali do lado linkado como 'rodrigo vecchi".

o meu e o dele surgiram de uma noite ociosa e angustiante que tivemos.

eu, claro, estava com uma insônia monstra, e como a internet - velha amiga desses momentos - estava fora do ar resolvi checar se meu irmão por acaso estava sofrendo do mesmo mal, dito e feito.

meu irmão tem uma função extra além de irmão, ele tem que me aturar nesses momentos, que eu chego cheia de dúvidas, chorando, totalmente descontrolada e sem freio, em 10 min ele me diz uma meia dúzia de coisas que me dão um 'tapa' na cara, e pronto, tô zero bala.

o importante disso tudo, pelo menos foi pra mim quando passei por esse momento, é que no fim das contas, você se torna aquilo que faz, não aquilo que pensa. o pensamento precisa se solidificar de alguma maneira, porque senão vira pó, ou ainda que não vire pó - porque nesse caso já seria virar alguma coisa - ele não vira nada, ele se perde, se consome.

pra muita gente isso pode ser muito óbvio, mas eu sempre fui indiferente a muitas situações e pessoas porque internamente eu pensava "ah, apesar dessa atitude indiferente eu sou uma pessoa sociável" ou "apesar de nao me dedicar na escola/faculdade eu sei que sou capaz", e vamos combinar, quando a gente conhece alguém assim, é um saco! a gente só acredita que uma pessoa é, quando ela tá sendo, quando você vê resultado.

é como li num livro da martha medeiros "tudo que eu queria te dizer"; "faça tudo o que deseja fazer, você acha que depois de morta vai ganhar um bônus? uma prorrogação pra sair desse empate? esqueça o empate. vença. perca. ofereça a si mesmo algum resultado"

não importa seu quinhão na vida, ofereça algum resultado pro mundo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

sobre a existência.

"o homem é condenado a ser livre; com essa afirmação vemos o peso da responsabilidade por sermos totalmente livres. e, frente a essa liberdade de eleição, o ser humano se angustia, pois a liberdade implica em fazer escolhas, as quais só o próprio indivíduo pode fazer. muitos de nós ficamos paralisados e, dessa forma, nos abstemos de fazer as escolhas necessárias. porém, a "não ação", o "nada fazer", por si só, já é uma escolha; a escolha de não agir. a escolha de adiar a existência, evitando os riscos, a fim de não errar e gerar culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea. arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o ser deve empreender em busca de si mesmo."

sábado, 10 de janeiro de 2009

sobre meu irmão.

hoje meu irmão faz 24 anos e eu não sei bem o que escrever sobre isso.
parece que quanto mais importante pra gente o assunto, mais difícil fica pra escrever tudo aquilo que a gente queria.
ele é meu irmão mais velho cara! como possivelmente eu poderia falar qualquer coisa que pudesse dar conta de tudo o que ele é pra mim?
tudo o que eu posso dizer e que talvez preencha um pouco - bem pouco - do que ele significa pra mim é que, sem ele grande parte da minha vida seria em preto e branco.
me ensinou muito e muitas vezes sem perceber, se tornou em um exemplo pra mim antes que pudesse desconfiar, e quando achei que o conhecia, e que ele iria se tornar outro chato bitolado pelo Direito ele me mostrou alma de artista, apaixonado por cinema e tudo aquilo que é humano.
meu irmão tá é ficando mais novo, e eu tenho muito, muito orgulho dele.

a você irmão, hoje e sempre.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

sobras de insônia

não existe nada mais insuportável que perder o sono, ainda mais sem motivo. há um bom tempo eu tenho tido uma insônia extremamente incoveniente e não sei mais o que fazer com ela. eu mal consigo aproveitar o dia, porque sei que no fim, ela vai me acompanhar, me dando de brinde na manhã seguinte um par lindo de olheiras para combinar com o conjunto cansado da obra.

hoje ela superou as expectativas.
eu fui dormir logo após a novela, um horário razoável pra tempos de férias, estava consideravelmente com sono e no momento que deitei, dormi. raro.
mas da mesma maneira como ele veio, o desgraçado me deixou na mão. 1 hora de sono e pronto, acordei. pra piorar tive um sonho que venho tendo há uns dias, com elevadores. (claro, caindo e comigo dentro), não que eu seja uma especialista, mas tenho uma forte convicção que não deve ser um bom presságio.

já revirei na cama, ouvi música, fui na cozinha, liguei o computador - vide o post abaixo - desliguei o computador, liguei a tv, vi piratas do caribe 3 na hbo, desliguei a tv, ouvi música, liguei a tv e liguei o computador - vide o post do momento - e nada. e o pior, eu estou com sono! sinto minha pálpebras pesadas, aquela dor de cabeça avisando que tá na hora e ze-ro, cheguei ao limite e coloquei no pay per view do bbb, se isso não me fizer dormir, juro que apelo pro telecurso 2000.

sobre uma loucura constitucional

confesso que nunca morri de amores por direito constitucional na faculdade, mas até pra minha ingênua percepção, isso me soou um tanto quanto absurdo. (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u486541.shtml)
e como esse tipo de notícia sempre vem acompanhada de outra que quase supera
é rapaz, isso vai render.

domingo, 4 de janeiro de 2009

sobre israelenses e palestinos.

Entender o que acontece na faixa de Gaza e adjacências sempre foi uma grande dificuldade pra mim. Lembro que quando eu tava na 8ª série escolhi fazer um seminário sobre o Oriente Médio e meu professor, no auge de sua sabedoria, achou que talvez, fosse difícil demais pra eu conseguir entender. Não que eu ache vergonha admitir isso, meus professores não sabiam explicar o porque daquela região ser tão conflituosa e muitos dos maiores especialistas do assunto hoje em dia continuam sem conseguir decifrar o que acontece naquela terra, a questão é que apesar de eu nunca ter entendido de guerras em geral, e dessa em particular, sempre entendi o mínimo sobre diferenças.

Qualquer pessoa com o mínimo de convívio social sabe que ainda que a princípio elas pareçam inofensivas, as malditas diferenças crescem em proporções incontroláveis com o passar do tempo, até que eventualmente enlouquecem umas das partes e aí, talvez, chegue a algo parecido com esse lance de guerra.

Quando eu era pequena e brigava com meus irmãos a vontade que eu tinha, e muitas vezes passava do plano da vontade, era procurar algum jeito de ferir meus irmãos, podia ser fisicamente, a forma mais banal, como também a mais baixa - e muitas vezes mais eficiente- eu pensava em como poderia agredi-los moralmente. Um xingamento, trazer a tona o passado constrangedor de alguma situação, qualquer coisa valia, o importante era magoar o outro, quem sabe até, arrancar uma lágrima no fim, como vitória. Esses sentimentos eram todos aflorados porque claro, acima do fato de sermos ligados por sangue, somos pessoas, e sem sermos perguntados se queríamos ou não, fomos obrigados a viver juntos.

Ninguém me perguntou um dia se eu queria dividir meu banheiro com meu irmão, ou se teria que ver a cara dos 2 todos os dias de manhã ou sequer se queria compartilhar todas as fases da minha vida com eles - incluindo aquelas que a gente não quer compartilhar com ninguém -, assim como ninguém perguntou se eles queriam, mas ainda assim, ainda que não perguntados, nunca nos matamos por isso.

Evidente que não quero comparar o convívio de irmãos e uma rotina igual a tantas outras com essa relação incompreensível que existe entre israelenses e palestinos, mas assim como penso nas minhas relações sociais, e o quão difícil elas podem ser, tento imaginar o que leva pessoas a chegarem nesse estado tão extremo e acabarem por fazer tais atrocidades uns com os outros.

Não que eu seja partidária convicta da galera do "deixa disso", mas sou totalmente antiquada no que concerne a guerras, não consigo entender quando o diálogo falha de tal maneira que o único meio coerente, seja agredir o outro, por qualquer motivo que seja.

Sinceramente não consigo imaginar uma solução pra essa guerra - e nessa acho que estou com mais alguns milhões de pessoas - acho que assim como meus pais faziam comigo e com meus irmãos em tempos de guerra deveria ser feito também com israelenses e palestinos, eles deveriam ser castigados - ou quem sabe, presenteados - a ficarem longe um do outro e nesse caso por tempo indeterminado. É como num artigo que um amigo leu sobre esse mesmo assunto, talvez o problema real seja que esses 2 povos - e quando digo povos, me limito aos de Israel e da Faixa de Gaza - simplesmente não possam viver perto, talvez essas diferenças, sejam de fato, irreconciliáveis.

É a falha suprema das relações sociais e ao mesmo tempo uma carecterística bem humana, mas o que se há de fazer? Ao contrário das minhas brigas com meus irmãos as perdas nesse caso são infinitamente maiores e totalmente irrecuperáveis, e ainda que mereçam, infelizmente não podemos colocar nenhum dos 2, de castigo.