segunda-feira, 25 de maio de 2009

budapeste.

a poesia desaba por dentro.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

sobre o muro e o bial.

comecei a fazer um curso na (salve, salve) casa do saber. o nome é testemunha ocular e são 5 palestras de jornalistas que estiveram presentes em momentos históricos;

hoje foi a primeira, era sobre a queda do muro de berlim e quem apresentou foi o bial. engraçado; quando vi o tema pensei "nossa, o que mais pode ser dito sobre a queda do muro de berlim?", eu sei, é ignorância, mas a gente sempre acha que a repetição dos assuntos nos leva a uma completa compreensão do tema, e como a gente escuta sempre tanto sobre o assunto (ou ouviu, na escola pelo menos), confesso que minha animação se estendia apenas ao fato de ver o bial de perto. eu sou tiete, claro. não peço autógrafo e nem faço pergunta rebuscada mas sentei na segunda fileira; tá, ele é bonitão, inegável mas comentou algo sobre o jornalismo em geral que respondeu a essa minha idéia de início; depois de um tempo a estampa que a gente apresenta perde pro conteúdo. e é exatamente isso.

o cara sabe, sabe muito. a palestra tem 2 horas de duração e você nem sente, e olha que são aqueles assuntos que a gente cansa de saber, sobre a queda do modelo socialista, os governos de extrema direita, enfim, aquele assuntinho de 2º/3º ano que quando se está no 2º/3º ano é sacal, mas contado por quem presenciou, parece novidade. é engraçado. hoje mesmo eu fui ao forum, e lá voltou a mesma constante que ocupa minha mente há alguns meses e ela se dissipou no momento em que comecei a assistir a palestra, pensei; "é isso". o cara tava lá na história sendo feita, ele forneceu o que viu, e assim foi reproduzido pra que todos nós vêssemos, e isso não tem preço.

uma hora ele tava falando da união soviética, e como os países nas adjacências sofreram com a sua influência, e aí citou minha paixãozinha de tempos do colégio, na verdade um leve affair que eu tive durante os estudos de golpes e mais golpes soviéticos, o da hungria; pra quem não sabe, em 1956 teve um levante estudantil contra o governo stalinista na hungria e depois de muito desenrolar o governo húngaro enfim resolve sair do pacto de varsóvia, pedindo proteção da onu, gerando claro, revolta soviética. até aí quase nada, mas o que poucos sabem é que apesar de muito falado por aí, o exército vermelho lutou basicamente contra estudantes em budapeste, e não com a 'grande' artilharia húngara, causando um massacre enorme e claro, totalmente esquecido não só por todos os outros acontecimentos da época como no mesmo ano, a crise do canal de suez. tudo isso eu vim a ler por acaso num livro só de revolução húngara, porque estava procurando algo sobre o canal de suez, mas ele, cara, ele tava lá!

contando esses episódios ele disse que nesses dias todos na queda ou não do kremlin, ele durmiu ao todo 4 horas mais ou menos, e uma coisa que me chocou nos vídeos das reportagens passadas é que o povo tava na rua. é surreal você pensar que as pessoas deitavam no chão e subiam nos tanques como forma de mobilizar o resto em torno da história que tava sendo escrita ali, naquele momento.

ele nem precisaria falar do desenrolar da história e da queda do muro, e mesmo assim fez com excelência. a mãe dele tava presente, e uma coisa que ele disse que me marcou, exatamente por ser muito verdade, é que o homem precisa de fascismo, isto é, no contexto da palestra, o homem precisa de uma figura de ordem. e longe de ser uma observação positiva, era uma crítica que veio justificada quando ele perguntou pra mãe, se quando ela estava na alemanha no ainda burburinho do nazismo qual era o sentimento do povo e ela respondeu; maravilhoso. e era, as pessoas vibravam por ter um poder forte, um líder eloquente e confiante, cheio de maravilhosas promessas; é exatamente como a campanha publicitária memorável da folha de são paulo; é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. e mesmo que não seja a intenção, claro, um jornalista pode facilmente ser essa pessoa e ter esse poder.

o bial disse que não estava na queda do muro, e que sempre fazem essa confusão, mas falou com tanta precisão que nem precisaria. contou que na europa já estava acontecendo uma pressão intensa pela unificação da alemanha, mas que todos os governos diziam que deveria ser de forma lenta, e que ao total de 3, 4 anos. e aí vem o poder da mídia, o então presidente (primeiro-ministro, um político importante qualquer na época) comunicou oficialmente em um jornal que sim, a alemanha se unificaria mas como não disse quando, todos os habitantes da alemanha oriental e ocidental se aglomeraram no muro, e esperaram então, algum acontecimento. a ordem para os oficiais era pra mudar o comportamento adotado nos mais de 20 anos anteriores, e mesmo sem de fato "quebrarem" o muro, não impediram a pequena fanfarrice que começava a se desenhar. o resto, é história. ao contrário das previsões de todos os governos em menos de 7 meses da falência desse sistema dividido de alemanha, o muro realmente, caía.

bem no fim, já no espaço aberto pra perguntas, quando perguntado sobre uma pessoa importante que ele entrevistou, ou que mexeu com ele, ele citou muitos políticos, pensadores e jornalistas (essa galera de muita pós e muita formação no exterior) mas finalizou com 2 nomes; pelé, e no maior jornalista lék-estáile, dalai lama, com a descrição; "era o dalai lama me olhando cara, e o cara, tem o lance".

depois de passar pela união soviética, alemanhas, bbb, jogos olímpicos, casos e mais casos deliciosos, assim como iniciada, falando da sua paixão, não fanática como ele mesmo disse, mas religosa pelo fluminense, a palestra da mesma maneira terminou;

"bom, tô indo gente, pra ver se dá pra ver o restinho do jogo do meu time".

segunda-feira, 11 de maio de 2009

paris é uma festa, ernest hemingway

comprei esse livro no mês passado, abril, e não tinha começado a ler porque tava terminando o novo do chico. terminado esse então, peguei o meu primeiro exemplar de leitura-hemingway, que comprei por 13 reais, naquele sebo luzes da cidade em ipanema, e fiquei encantada já na primeira folha com a dedicatória escrita no livro;

"para renata, com os desejos de que 1977 seja um ano de revelações positivas, no seu ainda novo e surpreendente caminho da vida. sérgio daniel, abril de 1977".

o livro, paris é uma festa, foi um dos últimos livros que hemingway escreveu antes de se matar, e na parte final do livro, em sua descrição, ênio silva termina descrevendo o livro da seguinte maneira;

"paris é uma festa mostra-nos o escritor no momento em que está, por assim dizer, fechando o círculo de sua atividade intelectual (...) e foi depois de ter escrito essa evocações de paris, repletas de terna candura, quando recapturou, durante algum tempo, a felicidade perdida, o gôsto da descoberta e da invenção, que hemingway colocou na bôca os dois canos de seu shotgun e se despediu de nós: not with a whimper, but with a bang".

não sei quem foi esse sérgio daniel, mas consigo entender desde já porque a renata se desfez do livro. espero que me dê mais sorte, e que não vá parar em outro sebo com uma dedicatória datada também de abril pra um desconhecido.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

tudo

já se deram conta que tudo aquilo não dito, não expresso, não compartilhado de alguma maneira vai ser perdido pra todo sempre em memórias tão quietinhas que você mesmo vai se perguntar se sequer chegaram a existir, ainda que só dentro da sua cabeça?

quietinho, quietinho.
e só seu.