sábado, 25 de abril de 2009

less is more.

se tem uma coisa que é mito é sexo e romance visto em filme. e é uma mentira respaldada por inúmeros filmes produzidos e transmitidos em cinemas, sessões da tarde e filmes inocentemente expostos para alugar. filmes estes que vemos desde que somos pequenos e desde já, enganados com algo que nunca se realizará.

eu lembro que quando era pequena, tinha um sono muito demorado e devido a inúmeras horas de "chama meu pai, chama minha mãe" passei a dormir algumas noites no quarto dos meus pais, onde comecei a ver os filmes que eles viam (nada pornô galera, mas pra uma garota de 7 anos até cena de estalinho é atrevimento) mas nunca consegui ver tudo. meus pais sempre censuravam cenas e eu sempre tinha que tampar o olho nas consideradas ousadas demais pra minha idade. claro que eu sempre tentava dar uma espiada pra ver e desde aquela época achava muito duvidoso aquela animação toda exposta na tv.

fico pensando, meus pais gostam tanto de mim, me querem tanto bem, podiam ter me ensinado desde já que aquilo mostrado na tv e não só o sexo, mas todo aquele romantismo exagerado, como 10 buquês de rosas, ou seu namorado lembrando a roupa que você usou no primeiro encontro, é mentira, e que provavelmente só vai se realizar em momentos pra lá de especiais, como 1 ano de namoro ou na reconciliação pós chifre, e olhe lá!

essa semana tava assistindo um filme cafona brasileiro com uma amiga, e começamos a analisar quanta mentira tem em uma cena de romance e sexo em filme. o casal em questão combinou quando adolescente de se encontrar todo dia tal de abril na pedra do arpoador todos os anos, independente do rumo da vida deles, primeira mentira; você já imaginou você combinando com um amor de adolescência um encontro pro resto da vida? fico lembrando dos seres que eu gostei quando era adolescente, e tudo o que eu menos quero é carregar o fardo de encontrá-los pro resto da vida, e já imaginou, pedra do arpoador? lugar bonito, ok, mas clichê, e imagina se for num puta dia de chuva? não há romantismo que aguente trovões e chuva num lugar incoberto!

ok, vamos ignorar o romantismo barato e analisar a cena de sexo do casal. era um daqueles sexos ultra animados, meio violento e coisa e tal que até aí convence, afinal eles só se encontram uma vez por ano, agora, tudo o que eu consigo imaginar quando vejo uma cena dessas é; "imagina a bagunça que eles vão ter que arrumar depois disso?", porque sexo de verdade não corta pra uma cena bonitinha com o casal se casando no final, na vida real toda aquela mobília arranhada, móveis arrastados, vasos quebrados, vão continuar lá te esperando! e ninguém nunca sai machucado dessas cenas, nunca. a mulher não reclama de puxão de cabelo, o rapaz bate com as costas dela na porta, eles rolam pela mesa, fazem sexo no chão frio - sempre sem barata - da cozinha ninguém usa nenhum método contraceptivo e no fim ainda chegam juntos ao orgasmo, uma maravilha. pena que não é verdade. tá, não tô dizendo que não acontece, mas em todo filme é a mes-ma coisa.

esses filmes são produzidos em série fazendo todo mundo acreditar que você vai ter um relacionamento cheio de romantismo digno de livro sabrina e sexo digno de multishow pós meia noite. e galera, não é (bem) assim. deus divide tudo proporcionalmente (tenho certeza), e talvez, conseguir unir esses dois extremos seja quase que impossível pra reles mortais, e bem possivelmente você vai passar a vida toda tentando unir a pedra do arpoador com o sexo página 12 do kama sutra (é só um exemplo, não sei o que tem lá).

sério. conheço pessoas verdadeiramente frustradas por não conseguirem essa combinação, e isso me dá uma raiva enorme dessa indústria que transforma amor e sexo em uma cena artificial com 2 representantes plásticos de comportamento irreal.

a graça é justamente ser nada parecido com isso. ao contrário da "perfeição" dos filmes, novelas e até livros, a graça tá na simplicidade e não na esquizofrenia da coisa. a graça tá naquele cara que talvez não te dê rosas num fundo romântico, mas sabe te fazer rir, ou talvez num daqueles encontros que ok, não terminam com sexo no lustre mas rendem uma boa conversa despretensiosa.

porque na vida real, a graça, ao contrário da corrida por números altos na bilheteria e na venda de livros, tá no menos, e não no mais.

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